20.7.06

Nas estantes arrumo os livros por afinidades.
Manoel de Barros e Mia Couto desacostumam as coisas e desarranjam palavras.



Desinventar objectos. O pente, por exemplo. Dar ao pente funções de não pentear. Até que ele
fique à disposição de ser uma begônia. Ou uma gravanha.

Usar algumas palavras que ainda não tenham idioma.

Manoel de Barros






A poesia está guardada nas palavras - é tudo que
eu sei.

Meu fado é o de não entender quase tudo.
Prepondero a sandeu.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não cultivo conexões com o real.
Para mim, poderoso não é aquele que descobre ouro,
Poderoso para mim é aquele que descobre as insignificâncias:
(do mundo e nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei muito emocionado e chorei.
Sou fraco para elogios.

Manoel de Barros

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